LAF tem eleições tumultuadas e chapa Renovação ganha por 19 a 1

“Respeito a posição oficial do secretário de Esportes, que deseja manter as coisas como estão, mas entendo que não precisamos de Liga, ou de qualquer outro tipo de organismo, para fazermos os campeonatos de futebol amador na cidade”. As palavras, duras, mas bastante claras e objetivas, são do vereador Aluisio Braz, o ‘Boi’ (PMDB), que as proferiu logo após a tumultuada eleição que levou a chapa Renovação, capitaneada por Edson Legui ao comando da Liga Araraquarense de Futebol (LAF).

Para o vereador, os campeonatos amadores de futebol podem, muito bem, ser organizados pela própria Secretaria de Esportes. Que, afinal é quem paga a conta. “Quem paga pela arbitragem é o município; os campos são do município, os atletas são de Araraquara e a Secretaria de esportes, no final das contas, é quem responde por tudo o que dá certo ou errado no esporte da cidade. Nada mais justo, então, do que acabar com os intermediários e a própria Secretaria organizar os campeonatos. Nós não precisamos de Liga alguma”, afirmou Boi.

Irregularidades e Federação

A fala do parlamentar explica-se, principalmente, porque a cidade conta hoje com quatro diferentes ligas na organização do futebol amador. E a LAF, especialmente se viu envolvida em diversas irregularidades nos últimos tempos. E como resultado de tamanho barulho, sua última diretoria, diante da acusação de ser responsável, ou conivente, com o desvio de verbas destinadas ao pagamento da arbitragem nos torneios organizados por ela, acabou sendo destituída de suas funções.

Fala-se, inclusive, que a LAF tem uma dívida de cerca de R$ 15 mil, mas ninguém sabe ao certo quem arcará com o prejuízo. Por tudo isso, e munido com documentos e variadas denúncias, “Boi” se viu na obrigação de procurar o secretário Municipal de Esportes, Jair Martinelli, solicitando seu apoio no necessário trabalho de moralização do setor em Araraquara. E foi essa ação que culminou com a destituição da diretoria anterior da LAF e a conseqüente convocação de novas eleições para a escolha de seus novos diretores.

A questão que deve ser observada, segundo Boi, é que apenas uma Liga por cidade é reconhecida na Federação Paulista de Futebol. “E em Araraquara, apenas a LAF é federada. Por isso, acho importante verificar como está a situação das outras, como a LEFEMARA, por exemplo, que recebeu a doação de uma área por parte da Prefeitura e, consta, que o local está abandonado e não recebeu ainda qualquer melhoria. Se a LEFEMARA não é reconhecida pela Federação Paulista, como é que pode ter recebido uma área? É preciso verificar isso”, reclamou.

Eleições tumultuadas

Convocada dentro das normas legais e de acordo com tudo o que se previa nos estatutos da entidade, a eleição para a Liga Araraquarense de futebol se realizou nas dependências do Ginásio de Esportes Castelo Branco, o “Gigantão”, no último final de semana, e contou com a presença de cerca de 80 pessoas, entre diretores de clubes e amantes do esporte.

De um lado, a chapa Renovação, tendo a frente Edson Legui, esportista que já integrava a diretoria provisória da LAF – colocada à frente da entidade logo após a destituição da anterior. De outro, a surpresa da tarde, que foi o lançamento de última hora da chapa União dos Clubes, capitaneada por Celso Chica. Que, inclusive, apresentou a advogada Valquíria Passos, como sua representante legal, minutos antes de iniciada a votação.

Valquíria, de cara, já mudou tudo o que estava previsto para o pleito, e conseguiu a impugnação de 30 representantes de clubes. Todos, sem documentos que comprovassem seu envolvimento com as entidades. Com isso, a eleição contou apenas a participação de 20 clubes, cujos representantes estavam munidos de procuração reconhecida em cartório. Em seguida, a mesa responsável pela organização do pleito deu inicio as formalidades legais; colocou aos presentes as três formas existentes para se realizar uma eleição e solicitou a eles que escolhessem qual modelo desejavam: Voto secreto, voto aberto e aclamação. Por unanimidade, os presentes decidiram pelo voto aberto.

Mais uma vez a advogada da chapa União dos Clubes se manifestou, e declarou a inconstitucionalidade daquela forma de votação, acusando os organizadores de fazerem “pressão” sobre a chapa que se apresentou como oposição aquela liderada por Legui. A mesa desconsiderou o protesto e abriu o processo de votação. Resultado: 19 votos a 1 a favor da chapa Renovação. Legui venceu.

Imediatamente após o anúncio oficial da chapa vitoriosa, Valquíria Passos anunciou ao secretário de Esportes, Jair Martinelli, que recorreria à justiça contra o resultado do pleito, afirmando que, devido ao sistema aberto de votação, os dirigentes de clubes presentes foram “pressionados” a votar na chapa apoiada pelo vereador Boi, aquela presidida por Legui.

Ofendido por um dos membros ligado a chapa “União dos Clubes”, o parlamentar protestou, e as discussões recomeçaram. Ao final de alguns minutos, no entanto, os ânimos serenaram e, aos poucos, todos foram deixando o recinto.

“É estranho tudo isso. A Prefeitura destina mais de R$ 30 mil por ano para cada entidade responsável pelo futebol amador de Araraquara. Só que quando o dinheiro da LAF sumia e a dívida com os juízes aumentava, ninguém falava nada e ninguém aparecia para segurar o rojão. Agora que fizemos a intervenção na diretoria e ajustamos a situação todo mundo aparece e quer assumir”, ralhou o vereador.