Homenagem a Clara Pechmann emociona na Câmara Municipal

Pioneira no trabalho de prevenção e atenção a portadores do vírus HIV em Araraquara, a professora aposentada Clara Pechmann recebeu o I prêmio “Heleieth Saffioti Mulher Destaque”, em sessão solene, na noite de quinta-feira, 8 de março. A homenageada emocionou os presentes com seus exemplos e história de vida.

Natural de São José do Rio Preto, Clara Pechmann adotou Araraquara há 62 anos. Aqui, formou-se em Farmácia pela Unesp, onde atuou como professora titular de Microbiologia e professora emérita da Faculdade de Farmácia. Foi secretária de Saúde, cofundadora do Centro de Promoção em Educação e Saúde Comunitária (Ceproesc) e fundadora do Grupo de Apoio e Solidariedade aos Portadores do Vírus HIV (Gaspa).

No início da carreira, trabalhou na montagem do viria a se transformar no Posto de Saúde do Jardim América e Jardim das Estações. Ela conta que com ajuda de professores e estudantes, montou um consultório médico-odontológico para atender à população daquela que era uma das regiões mais carentes da cidade na época.

A homenageada expandiu o trabalho para outros bairros e também atuou na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis nas áreas de prostituição. Na década de 1980, quando foi descoberta a aids, Clara Pechmann passou a ajudar os soropostivos. Algum tempo depois, com apoio da Prefeitura, conseguiu montar o hospital-dia, hoje desativado.

A “Mulher Destaque” ajudou na fundação e ainda hoje é grande colaboradora da RNP+Sol, principal Organização Não Governamental (ONG) que atua na prevenção a aids e nos cuidados aos soropositivos da cidade. Aos 86 anos e mesmo tendo sofrido derrames, Clara Pechmann continua trabalhando com voluntários nas ruas, hospitais e residências de araraquarenses doentes.

Reconhecimento

Aluísio Braz, Boi (PMDB), presidente da Câmara, afirmou sentir-se “honrado” em participar da homenagem a Clara Pechmann, a quem considerou uma “referência para todos nós”. Segundo ele, o trabalho dela, “valoriza as mulheres com suas conquistas” e o prêmio é “um reconhecimento às suas grandes realizações”.

Márcia Lia (PT), autora do projeto que instituiu o Prêmio Heleieth Saffioti, disse que Clara é “uma das mulheres mais respeitadas e decididas na história de Araraquara”. Para ela, a premiação foi mais que merecida. “Sinto orgulho em conceder este prêmio; por isso, agradeço pelo seu trabalho e dedicação. Muito obrigado por sua existência e por nos permitir esta homenagem”.

O vereador Elias Chediek Neto (PMDB) declarou sua “satisfação em homenagear esta guerreira preparada e forte; uma mulher que não desiste de seus ideais”. Chediek lembrou o trabalho de Clara Pechmann no Gaspa, onde ele atuou como voluntário. “Ela fez muito por Araraquara”.

Para Carlos Nascimento (PT), Clara “deixará um legado a todos que lutam por qualidade de vida e cidadania”. O vereador destacou que “ela é uma referência para nós; ela fala de vida, de saúde, de direitos e cidadania”. Na opinião dele, “este prêmio é mais importante para a Câmara Municipal e para Araraquara que para a senhora; é o reconhecimento por sua incansável luta”.

Representando o prefeito Marcelo Barbieri (PMDB), Edna Martins, presidente do Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres, observou que “por onde ela passa deixa o nome dela e faz as coisas com amor, seriedade e determinação”. Segundo Edna, Clara Pechmann “marcou muita gente em sua árdua trajetória; enfrentou o preconceito com solidariedade e deixou uma belíssima marca na cidade”.