A Copa, a Olimpíada e as importantes iniciativas de Araraquara

25/02/2011 09:17

 

As iniciativas de Araraquara no campo esportivo, anunciadas nas últimas semanas, podem e devem gerar animação, ainda que com certo comedimento. No momento em que o País discute as imensas dificuldades encontradas na organização da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016, nossa cidade procura fazer sua lição de casa, aproveitando o clima de entusiasmo que deve crescer ainda mais nos próximos anos.

O processo de organização da Copa vive um sério problema de gestão, a ponto de o Ministério do Esporte e a CBF mostrarem total falta de controle sobre o que ocorre nas 12 sedes escolhidas. Não há ainda um modelo de governança a ser seguido e muitos temas controversos - como a incrível indefinição do estádio paulista - colocam sob pressão muitos dos envolvidos, a ponto de o Ministério do Esporte estar sob marcação cerrada da Presidência da República. Na seara da Olimpíada, a nomeação do ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para comandar a recém-criada Autoridade Pública Olímpica (APO), comprova que o Governo Federal pretende tomar as rédeas da organização dos Jogos.

Araraquara está atenta à construção dos megaeventos, mas mostrou que não pode ficar parada, independente do que virá por aí. O Centro de Treinamento planejado para o Parque Pinheirinho, avaliado em R$ 3 milhões, incluirá cinco campos de futebol, vestiários, alojamento, piscina, hidromassagem e salas de musculação e ginástica. O projeto depende da aprovação dos recursos pelo Ministério do Esporte, mas há uma possibilidade de um acordo interministerial, que envolveria também as pastas de Cidades e Turismo. Seria o principal trunfo da cidade - além da Arena da Fonte - para trazer uma seleção no período pré-Copa. Mais do que isso, a estrutura seria mantida no futuro como uma espécie centro permanente de convivência- treinamento de futebol na região, abrindo perspectivas para novas atrações e reforçando a vocação do Pinheirinho como núcleo esportivo.

Um segundo projeto, este já assegurado segundo as lideranças locais, vai dinamizar o complexo aquático da Arena da Fonte. A confirmação de que Araraquara terá um centro de excelência para a formação de nadadores de ponta coloca a cidade na rota dos Jogos Olímpicos de 2016. Não há ainda detalhes sobre valores, mas o projeto do Governo do Estado garante equipamentos, custeio de alimentação e hospedagem, professores e manutenção da piscina, enquanto a Administração Municipal entra com o local. Nos mesmos moldes, haverá projetos para judô e atletismo, sendo que o processo ainda depende de ajustes entre os governos municipal e estadual. Cada centro terá capacidade para formar 50 atletas de ponta e incluirá jovens das cidades da região. De acordo com o presidente da Câmara, Aloisio Braz, que participa das negociações junto com o prefeito Marcelo Barbieri, a idéia é utilizar o Clube Estrela para o centro de judô e o Ginásio da Pista para o núcleo de atletismo - evidentemente com as necessárias melhorias e adaptações.

O fato de Araraquara apostar em projetos esportivos neste momento especial em que o Brasil organiza os dois maiores eventos do planeta não deve estimular grandes ilusões. Em tese, a cidade tem potencial para participar diretamente tanto da Copa quanto da Olimpíada.Mas, ainda que esses sejam objetivos importantes, não pode ser um fim em si nem criar uma expectativa exagerada, dentro do compreensível clima de excitação esportiva. A escolha da cidade para receber uma seleção para a Copa, por exemplo, esbarra em uma série de questões logísticas e políticas, que poderão dificultar a escolha de um município a 270 quilômetros da Capital. Há, além de tudo, a concorrência de outras 37 cidades no Estado, algumas bastante próximas à Capital e com alto poder de barganha quanto às atrações turísticas - caso das cidades litorâneas e de Campos do Jordão, para citar
apenas algumas.

O que torna os projetos locais viáveis e bastante atrativos é a inserção do município em um circuito esportivo de ponta, de forma permanente, independente dos eventos que virão. É esse potencial que precisa ser valorizado neste momento.

Por: Tribuna Impressa

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